sexta-feira, 21 de agosto de 2009

meu espelho.

eu nasci um bebe estranho... bochechas protuberantes e cabelos rebeldes. Cresci ao lado de um irmao lindo, que atraia todas as atencoes apesar dos lacos estrambolicos na minha cabeca.

Minhas amigas eram todas bem "ajeitadinhas", em especial uma meia-prima, loira de olhos azuis, que parava qualquer transito. Enquanto eu ainda estava no meu cabelo chanel que nao crescia devido aos caixos insistentes...

Formatura do ABC ninguem barrava meu vestido, mas quem conseguia tirar os olhos dos meus dentes que cresciam sem direcao?

Durante meu primeiro grau tive lutas diarias e frustradas com os encriquilhados revoltados que nao tinha gel que desse jeito... fora os pelos que já eram exacerbados (imaginem quando eu entrei na puberdade).

Fui morar nos Estados Unidos, onde eu era novidade... nao apenas por ser procedente de outro pais, mas por ser mais morena que 97% da turma. Pouco depois chegaram os novos vizinhos brasileiros, eram 3 irmaos (2 menino e 1 menina). Ela era linda, alta e de cabelos perfeitos. Eu mignon, os cabelos continuavam no mesmo formato desagradavel e estava longe de ser linda com tantos ferros e borrachas na minha boca de apenas 8 anos.

Quando retornei tomei um susto... minhas amigas haviam crescido e eu nao me encaixava mais naquela turma. Elas eram adolescentes e eu ainda uma crianca desgrenhada.

Entao, o pesadelo da puberdade... eu era o proprio primo "it" da familia addams. Coberta de pelos, gracas a minha descendencia arabe (orgulhosamente, muito obrigada). Com os quais tinha que conviver pois depilar era o mesmo que arrancar os pelos de chow-chow... a cera fria!

O primeiro menino que pediu pra namorar comigo, numa festinha da escolha... se revelou gay algum tempo depois. Enquanto todas as minhas amigas falavam de namorados e ficantes, eu pensava em correr pra casa pra assistir castelo rá-tim-bum e brincar com as minhas barbies.

Aos quinze anos ja nao usava mais aparelho, meu cabelo parecia estar tomando jeito e ja era elogiada pelo meu sorriso.

Aos dezoito, meninos (homens) mais velhos ja comecavam a me notar.

Aos vinte já me considerava mulher, apesar de nao pensar como tal. Com vinte e um veio minha primeira grande crise... uma tristeza sem fim e uma escuridao absoluta. Por um mes, nao tirei meu pijama e tinha medo de fechar os olhos sozinha.

Mais 3 se seguiram depois dessa até que eu aprendesse como nao me deixar cair tao fundo.

Hoje, com 25, ainda me sinto a mesma menina de cabelos assanhados e extra-oral. Nao me sinto mais bonita e nem mais interessante, mas essa sou eu... minha imagem, nesse espelho meu.

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