hoje meu pai faz 55 anos... destes, 25 posso falar com propriedade!
Foi um plano mal elaborado, uma contagem mal feita e duas cabecas muito aterafadas, o motivo da minha concepcao. Ele tinha 30 anos e 29 dias quando fomos apresentados (propriamente)... e acho que ele nao imaginou tudo o que aconteceria até hoje.
Minha infancia foi cheia de saudades e expectativas de chegadas. A ansiedade na porta do aeroporto, as corridas para ver quem abracava primeiro.
Papai sempre foi lazer.
Quando o dever chamava, tudo certo... sem problemas me levar até a escola de manha cedo, dificil era lembrar que precisava pentear o meu cabelo! Mas nada que um pente da varig, estrategicamente deixado no carro, nao resolvesse... ou quase.
Foram varias apresentacoes. De danca, de piano, de teatro, de sapateado, de violao... e muita, muita paciencia.
Os discursos eram elaborados e cheios de moral... Meus olhos, sempre atentos, demonstravam compreensao. Mas a fome na africa nao era o suficiente para me convencer a comer um arroz amarelo... "nao tem arroz branco, nao?".
Tudo era sonho... e nao só pra mim, para os meu amigos tambem. Imagina, só... filha do "Tio Acram", aquele que aparece na televisao e leva as criancas pra Disney. Gente fina!
Perdi as contas de quantas vezes me cantaram o jingle (e ainda cantam)... "o tio acram quer
fazer...".
E as brincadeiras? "você chama ele de tio?", "como ele é pai? ele só pode ser tio!"... Confesso que me divirto até hoje.
Ele é meu parceiro de dança ideal. Minhas lembrancas mais gostosas; nós dois, dancando sem motivo na sala de som. Foi uma vida de treino para a valsa perfeita nos meus quinze anos... inesquecível! Rodopios e sintonia... E isso já tem dez anos!!
A partir daí tudo parece ter acontecido muito rápido (bem que dizem que depois dos quinze o tempo voa).
Sucessões de fatos, deslizes, perdões, aprendizados, lições... até que... o susto!
Correria no meio da madrugada, incertezas e medo (muito medo). Num repente meu super-homem estava indefeso e frágil... como podia ser?
Por mais de um mes não ouvi o som da voz dele...Depois do sono prolongado e de muitas explicações, enfim podiamos conversar de novo...
Passou de tubos, fios, agulhas, máquinas e dor, para o picolé de limão mais gostoso da historia. E ele mal aguentava a própria mão.
Depois de tantos sonhos e conquista, tudo que ele queria naquele momento era água, suco e voltar para casa...
Cada um sabe como se sentiu no momento que ele atravessou o portão de desembarque... de cadeira de rodas e 20 quilos a menos... Eu? Voltei a crer!
Hoje ele luta contra a balança, trabalha de havaiana e tem a certeza de bons amigos. Eu... quero beija-lo todos os dias, abraça-lo todas as horas e reviver este dia mais 55 vezes!
quarta-feira, 1 de julho de 2009
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