sábado, 2 de janeiro de 2010

O velho ano novo...

Eu já tinha me conformado que o meu ano novo ia ser à base de sanduíche de atum e cupcakes de chocolate feitos por mim, nas dependências da minha casa. A família tinha decidido que ia fazer uma virada marcante no Tropical hotel e eu, macaca velha de ano novo em Manaus, discordei ao pensar no trânsito, sempre insano devido as comemorações oferecidas gratuitamente nesta área.


Meus pais estavam em Aruba, onde eu deveria estar também, mas por motivos capitalistas... venderam a minha vaga. Papai falou comigo pela internet e me convenceu que eu deveria ir... fazer um esforço. Eu, com peso na conciencia, convenci o meu irmão que deveriamos, de fato, ir.


Nos vestimos, entramos no meu carro com a Gisele (namorada do meu irmão) no comando e o Gabriel (meu namorado) me acompanhando.


Chegamos lá em pouco tempo. Foi quase inacreditável o mínimo de trânsito que pegamos. E eu comecei a acreditar que não tinha sido uma idéia tão ruim, assim, me tacar do parque 10 para a ponta negra.


Estacionamos o carro no prédio onde o pai da Gisele mantém um apartamento. Este se situa no início da PN e o tropical, como sabemos, é no final.


Começamos nossa caminhada alegres e satisfeitos quando começamos a notar que o trânsito fluia e que não tinha necessidade de estarmos andando a passos de triathlon a distância do que me pareceu uma verdadeira maratona em salto alto.


Reclamei o caminho inteiro. Do cansaço, dos meus pés, do calor, dos meus saltos...


De repente passou ao meu lado uma família esbanjando felicidade, caminhando. Cada membro carregada algo que parecia pesado como isopor cheio de bebida, churrasqueira, sacolas de compras. Eu virei pro meu irmão e exclamei: “e eu ainda reclamo...!”.


Bem, chegamos ao tal do reveillon. A vista era incrível. Barcos de todas as espécies e tamanhos tomavam a superfície do rio negro. Todos ansiavam pelos fogos, tão esperados.


Começa a contagem regressiva. Procurei meu irmão, que era a primeira pessoa que eu queria abraçar. COntamos juntos, abraçados, nós quatro. Era um feliz ano novo!


Abraços, beijos, olhos mareados e muitos sorrisos...


Decidimos em pouco que iamos embora. E a idéia da vinda era que, na volta, pegariamos um taxi até o prédio que, agora, parecia ainda mais longe!


Pedimos o taxi e a notícia que se seguiu não nos agradou nenhum pouco; o taxi não conseguia chegar até o tropical... o trânsito estava absolutamente parado.


Meu irmão começou a soltar fogo pelas ventas e decidimos que era melhor encararmos a caminhada de volta... o que, pra mim, pareceu uma via sacra.


No caminho o meu namorado tentava me distrair e eu, por minha vez, tentava me distrair dele. Ouvi por alto a Rita Lee cantar qualquer coisa que os meus pés não me deixaram entender bem.


Quando chegamos, nos deparamos com a realidade que não queriamos aceitar...


O prédio fica na parte de trás e o trânsito havia sido todo desviado de forma que o sentido de ida era pela rua de trás (do prédio) e o de volta era uma parte da avenida da frente (a qual tinhamos caminhado). Ou seja, nós teriamos que, inevitavelmente, fazer todo o contorno do trânsito.


As pessoas já estavam fora dos carros, conversando... perguntamos se estavam ali havia muito tempo e o rapaz rio e disse: “um pouco”...


Entramos no carro, ainda sob o comando de Gisele, às 2 am, e, só pra sair do portão do prédio, demoramos mais de 30 minutos. Quando abriu um brechinha meu irmão gritou “entra, Gisele, entra”... e nossos corações dispararam de alegria. Estavamos, pelo menos, na rua.


A partir daí começou uma longa jornada. Uma hora depois, nós haviamos andado poucos metros, e eu comecei a sentir uma dor de barriga incontrolável, daquelas que a gente se arrepia. O carro não andava e eu não conseguia pensar em nada além da minha vontade de ir ao banheiro...

Não aguentava mais quando saí do carro correndo e pedi ao porteiro de um prédio, pelo o amor de Deus, que me deixasse usar o banheiro... Ele, muito gentilmente, me acompanhou. Entrei correndo, a emoção era tanta que não consegui fazer nada além de um xixizinho tímido.


Quando saí, aliviada, apesar dos pesares. Notei que a piscina do prédio estava repleta de pessoas que me olhavam segurando o riso. Não perdi minha pose e continuei andando. Afinal, era uma emergência, questão de vida ou morte!


Ao chegar na rua tive uma surpresa: o carro tinha andado... e muito. Tudo bem, era uma boa notícia, mas lembre-se que eu acabava de sair do prédio e tive que andar (sim, andar de novo) até onde estava o carro.


Entrei, e começamos a conversar sobre as coisas que aconteciam em volta.


Fatos como o cara do palio da frente que paquerou a menina e conseguiu uma companhia pra noite. O rapaz do carro ao lado que tinha passado tanta colônia que estava incomodando meu irmão. O velho da dodge que ficava fazendo zig-zag e tentou furar nossa frente... tudo era motivo para comentários.


Ficamos parados ainda muito tempo entre o castelli e o mediterranée. Eu dormia e acordava e nós continuávamos nos mesmo lugar...


Enfim, abriram o outro lado da avenida e tudo começou a fluir mais. Os nossos nervos se acalmaram e não tardou muito para que chegássemos ao conforto do lar, e isso já eram 4 am. Mas, já dizia dorothy “não há lugar melhor que nossa casa”.


E esse é o bom e velho ano novo. Que seja feliz, então.


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