quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Sangria




"Hoje faço no meu coração uma sangria
Talvez assim, tudo mudaria.
Verto de minhas coronárias infartadas
Os sentimentos que mais uma vez me fez enganada

Hoje desidrato-me com lágrimas doloridas
Na hipotensão de abertas feridas
Me desfaço da vida que imaginei vivida
Mas que em minhas sinapses loucas se perdeu, foi esquecida

Já não conto quantas internações me foram necessárias
Para que pudesse sobreviver essa luta (quase) diária
De abrir-me com o corpo e a alma
E ser morta com a frieza de uma flechada

Um dia passa, dizem por aí
Minha mente em sussurros discorda, e se põe a rir
Não sei se passa, passou ou passará
Sei que um dia termina para em um outro recomeçar."

terça-feira, 24 de maio de 2011

Sobre-viver

Meus dias são arrastados, a duras penas... como os tijolos egipcios amarrados nas costas de escravos para construir pirâmides para faraós megalomaníacos.

Minha felicidade não é barata. Vem a custa de muita luta interior.

Duelo diariamente com o que suponho ser minha alma. Batalha perdida, nem mesmo espadas feitas pelas maos de Hattori Hanzo seriam capaz de arrancar a vida de uma dor tão grande.

Moça bonita e cheia de dotes. Ouço com certo descaso tais "elogios".

Não me digo azarada pois sei de toda minha sorte. Não me digo infeliz pois sei que posso encontrar felicidade, em algum lugar... talvez até dentro de mim.

Mas sou só. Sou só num mundo que gira numa imensa negritude. Nesse universo onde as coisas acontecem alheias a nós e, da mesma forma, meu coração bate sem sequer me pedir permissão.

Não me julgue. Não pense daí, recostado na sua cadeira, que sou ingrata pois a vida me deu tanto e me entristeço em tão pouco.

Não sou triste por opção ou glamour. Sou triste porque ela mora dentro de mim, dentro do meu vazio. Do oco do meu mundo.

Tristeza chega a ser dom. Não é pra todo mundo (ainda bem), mas só quem tem sabe o quão pesada é a sua companhia. Capas de chumbo, dos ombros até os pés. Te impede o passo firme e o levantar suave.

É o escuro, a falta de brilho... os olhos enrugados, o cão cabisbaixo, a cadeira de embalo.

Tristeza é assim... chega e fica até o fim.


sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Vida cotidiana

Dia-a-dia

Via à tôa

Vida boa

Vida sofrida

Rios de lágrimas

Vida bandida

Doce, amarga

Essa vida

Vida dura

Eu tenho a minha

E cada um cuida da sua

domingo, 5 de dezembro de 2010

Tem dias assim. O ceu amanhece cinza, a cama fria e seus olhos mal abrem e já inundam o rosto. Voce vira de lado, força um sono e tudo que tem é uma testa franzida e um coração pequeno.

Te dias assim... que vc acha que vai ser melhor que ontem mas ja começa pior. Voce se força pra fora da cama e se vê só, procurando consolo no ombro do cachorro.

Dias assim... que lutar pela felicidade é muito difícil para se dar ao trabalho de tentar.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Vai dar tudo certo

quantas vezes já não repeti esta frase
quantas vezes já não esperei que fosse, de fato, verdade
perdi as contas quando precisei de mais de duas maos
para dizer quantas vezes já não estive nesta exata mesma situação

o despertar é pesado, longo e doloroso
o caminhar é tenso, sem vontade e vagaroso
a imagem é estranha
a vida, uma barganha

uma barata nas articulacoes metatarsofalangianas
sua leveza revirando minhas entranhas
crendices, fé, supertição
espero que me traga algo de bom

gritos em dias ainda não amanhecidos
sonhos há muito já esquecidos
reviros em noites ainda não dormidas
mantras entoados como súplicas

tristeza forjada em vícios
falsos são todos os meus risos
indago: se vai dar certo...
porque não deu desde o início?






domingo, 4 de julho de 2010

São dias como esse
que me inquietam o espirito
que trocaria num suspiro
o leito que antes tanto era temido

Dias assim, e não outro
me deixam a alma sem alento
coração afogado em uguento
tristeza, dor que não aguento

domingo, 21 de fevereiro de 2010

num repente tudo que era amor vira verso, vira dor
num repente, o para sempre é uma ilusão que a memória insiste em crer
de repente, assim, todos os planos, todas as coisas, mudam, viram e distorcem
nesse repente o que era deixa de ser
pobre eterno que um fim triste o faz ter.